Regência verbal
A regência verbal é a relação sintática de dependência que se estabelece entre o verbo — termo regente — e o seu complemento — termo regido. A regência determina se uma preposição é necessária para ligar o verbo a seu complemento.
Os termos, quando exigem a presença de outro chamam-se regentes ou subordinantes; os que completam a significação dos anteriores chamam-se regidos ou subordinados.
Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal.
Na regência verbal, o termo regido pode ser ou não preposicionado. Na regência nominal, ele é obrigatoriamente preposicionado.
Exemplos:
Agradar]
a) Com sentido de acariciar: transitivo direto
Ele sempre agradava a namorada quando se encontravam.
b) Com sentido de satisfazer, ser agradável: transitivo indireto.
As mudanças que fizemos na loja agradou aos consumidores.
Aspirar
a) Quando tem o sentido de sorver, tragar, inspirar: transitivo direto
Ele aspirou toda a poeira.
b) Quando tem o sentido de pretender, desejar, almejar: transitivo indireto ( necessita do uso da preposição a)
O jogador aspirava a uma falta.
Obs.: Quando o verbo aspirar for transitivo indireto, não se admite a substituição da preposição (a) por lhe ou lhes. Deve-se-á usar em seu lugar (a ele, a eles, a ela ou a elas).
Obs.: Quando o verbo aspirar vier acompanhado por (àquele ou àquela), o à craseado terá função de preposição, transformando assim o verbo em transitivo indireto.
Assistir
a) Quando tem sentido de ver: transitivo indireto
Eu assisti ao jogo.
Obs: Não se admite a substituição da preposição (a) por lhe ou lhes. Deve-se-á usar em seu lugar (a ele, a eles, a ela ou a elas).
b) Quando tem sentido de morar, residir: transitivo indireto (exige-se a preposição em).
Eu assisto em São Paulo
c) Quando tem sentido de ajudar: verbo transitivo direto ou indireto (indiferentemente).
O médico assistiu o doente/ ao doente.
d) Quanto tem sentido de pertencer, caber (direito a alguém): transitivo indireto
Não lhe assiste o direito de escolher agora.
Atender
a) Se o complemento for pessoa: transitivo direto ou indireto.
O professor atendeu os/aos alunos. (O professor os atendeu)
b) Se o complemento for coisa: transitivo direto. Modernamente já é aceito o complemento direto para coisa.
Quem vai atender o/ao telefone?
Chamar
a) Quando significa convocar, fazer vir: transitivo direto.
Ela chamou minha atenção.
b) Quando tem o significado de invocar, pedir auxílio ou atenção: transitivo indireto.
Ele chamava por seus poderes.
c) Com o sentido de apelidar ele pode ou não necessitar de preposição: transitivo direto ou indireto.
Chamaram-no medroso.
Chamaram-no de medroso.
Chamaram-lhe medroso.
Chamaram-lhe de medroso.
Chegar/ir
Estes e outros verbos de movimento são tradicionalmente regidos pela preposição a.
- Vou ao dentista.
- Cheguei a Belo Horizonte.
Em português brasileiro vernáculo, esse uso é raro. É extremamente comum que tais verbos sejam regidos pelas preposições para e em. Estes usos são diferentes da norma-padrão, porém, pesquisas mostram que eles provêm de usos que já existiam desde o latim antigo, e é possível encontrar esse tipo de utilização em textos escritos até mesmo antes da colonização do Brasil por Portugal.
Comunicar
Eu COMUNICO ALGO A ALGUÉM pois neste caso a ênfase cai sobre a coisa em detrimento da pessoa
Comunicamos ao proprietário a nossa decisão.
Cientificar
Eu CIENTIFICO ALGUÉM DE ALGO pois neste caso a ênfase cai sobre a pessoa em detrimento da coisa
Cientifiquei o réu da sentença.
Implicar
a) com o sentido de não estar de acordo, não concordar com: transitivo indireto
A irmã todo dia implica com o irmão mais novo.
b) com o sentido de acarretar, ter como consequência, originar: transitivo direto
Um escolha errada que implicou grandes prejuízos a empresa.
Morar/residir
Normalmente vêm introduzidos pela preposição em.
-Ele mora em Guarapirópolis dos alferes.
-Maria reside em Santa Catarina.
Namorar
Não se usa "com" como preposição.
- Gabriel namora Giulia.
- Jhuliana de Almeidas namora Alberto.
- Como eu namorarei Fernanda Moraes.
- Antonio namora Gabrielle. (em vez de: Antonio namora com Gabrielle.)
Obedecer/desobedecer
Exigem a preposição a.
- As crianças obedeceram aos pais.
- O aluno desobedeceu ao professor.
Obs.: Mesmo sendo verbo transitivo indireto, ele pode ser usado na voz passiva.
Simpatizar/antipatizar
Exigem a preposição com.
- Simpatizo com Lúcio.
Ver
O verbo ver é transitivo direto, por isso não necessita de preposição.
- Ele veria muitos filmes em cartazes.
Visar
a) no sentido de mirar, apontar a mira: transitivo direto
Visei o alvo.
b) no sentido de pôr o visto: transitivo direto
Ele visou o documento.
c) no sentido de pretender, ter em vista: transitivo indireto. Modernamente já se aceita o complemento direto
Visei o/ao lucro.
Suceder
a) No sentido de substituir; vir depois: transitivo indireto.
- Os atuais supermercados sucederam aos antigos armazéns.
b) no sentido de ocorrer: intransitivo
- Uma catástrofe sucedeu no México.
Ensinar
a) no sentido de educar: intransitivo.
- O professor ensina bem.
b) no sentido de castigar, adestrar, educar: transitivo direto.
- A experiência ensina os professores.
c) É verbo transitivo direto e indireto, admitindo objeto direto de coisa e indireto de pessoa.
- Os professores ensinam os alunos a decorar.
E o que é verbo transitivo direto e indireto?
Verbo transitivo direto e indireto é uma matéria abordada constantemente em concursos e vestibulares.
A transitividade verbal é o fenômeno linguístico que determina as relações entre o significado de um verbo e seus complementos que podem ser objetos diretos e/ou indiretos. Tradicionalmente, diz-se que um verbo é transitivo quando ele necessita de um complemento para que seu sentido seja completo. Desta forma, o que vai determinar se a transitividade é direta ou indireta é a ocorrência ou não de preposições ligando o verbo ao objeto.
Verbos Transitivos Diretos – a complementação ocorre de forma direta, não há necessidade de preposição. Neste caso, o complemento é denominado Objeto Direto. Vejamos alguns exemplos:
- Berenice comprou vestidos e sapatos.
- O correio entregou minhas compras hoje.
- Esqueço nomes de pessoas conhecidas.
Verbos Transitivos Indiretos – a complementação se dá de forma indireta, a ocorrência de uma preposição é necessária para fazer o trânsito entre o verbo e o Objeto que, no caso, é classificado como Indireto. Como exemplo, podemos citar os seguintes casos:
- Eles acreditam em Deus.
- Meus vizinhos gostam de música internacional.
- A moça pensou nos bons momentos que viveram juntos.
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos – ocorrem quando a ação contida no verbo transita para o complemento direta e indiretamente, ao mesmo tempo. Ou seja, são necessários dois Objetos para completar o sentido do enunciado, um Direto e um Indireto:
- A autoridade informou os índices inflacionários à população.
- O rapaz ofereceu bebida aos amigos.
- Ângela contava muitas mentiras para a família.
Quando um verbo não precisa de complementação, ou seja, quando apresenta sentido completo, ele é classificado como INTRANSITIVO. É o que ocorre em orações como
- Você fuma?
- O homem morreu.
- As crianças dormiram.
Além destas condições gerais, é possível encontrar casos específicos em que a transitividade se apresenta de forma diversa, o modo de uso e o contexto de produção da oração podem determinar ocorrências diferentes do padrão.